Projecto-piloto Arrebita! Porto

«O Arrebita! Porto arrancou nesta quarta-feira com a assinatura de um protocolo que envolve a Fundação Calouste Gulbenkian, a Câmara do Porto e a Sociedade de Reabilitação Urbana Porto Vivo.»

«E como se reabilita a custo zero? Criando um esquema em que todas as partes envolvidas ganham. Ganham as entidades públicas interessadas em reabilitar o património das cidades; os estudantes de Arquitectura e Engenharia, que podem pôr as mãos na massa e fazer uma espécie de “Erasmus prático”; as escolas de ensino superior, que podem usar as reabilitações como casos de estudo nos seus cursos; e as empresas, que podem envolver-se num projecto de responsabilidade social e deduzir custos de IRC, ao abrigo do mecenato social.

“As empresas podem pagar impostos com material que têm em stock”, algo particularmente interessante “nestes tempos em que a liquidez é limitada”, aponta José Paixão.

O primeiro edifício a reabilitar é um prédio da Rua da Reboleira (números 42-46). O edifício, propriedade da Câmara do Porto, está “devoluto há muitos anos”, conta o arquitecto. “A cobertura estava danificada severamente”, o que fez com que “as madeiras, as vigas e os pavimentos se tenham degradado com alguma gravidade”. Os trabalhos de reforço estrutural, e todos os outros, serão feitos por estudantes, com o apoio de uma empresa parceira especializada em patologia de edifícios.»

«Concluíram que na raiz do problema da degradação dos cascos velhos das cidades está a dificuldade de pôr o modelo de mercado a funcionar para a reabilitação: esta não é rentável, a não ser que se destine apenas aos clientes mais abastados, defendem os autores do projecto. A situação é agravada pelo facto de muitos proprietários não terem recursos para fazer obras (o projecto destina-se apenas a prédios de senhorios sem recursos).

Qualquer resposta tinha, então, de criar um modelo em que todos ganhassem com a reabilitação, por oposição à situação actual, em que “ninguém” ganha ou “dificilmente” ganha com ela. Eis, então, o Arrebita! Porto.»

«Em 2014, depois de reabilitado, o edifício da Rua da Reboleira, o primeiro do Arrebita! Porto, deverá ser arrendado em regime social para habitação nos pisos superiores e para incubação de novas empresas de indústrias criativas.»

«Tudo começou como uma ideia de José Paixão, jovem arquitecto do Porto, de Diogo Coutinho, engenheiro civil, e de Angélica Carvalho, então estudante de Arquitectura, com o apoio dos arquitectos Jorge Vaz e Pedro Faria. No Verão passado, a ideia, então designada Reabilitação a Custo Zero, venceu o primeiro prémio do concurso FAZ – Ideias de Origem Portuguesa, criado pelas fundações Gulbenkian e Talento para distinguir iniciativas de portugueses no estrangeiro, no valor de 50 mil euros.

Durante dois anos, equipas de arquitectos e engenheiros associados a este projecto, vão preparar o caminho para a obra, cujo arranque está agendado ainda para 2012.»

«Dois portugueses, uma norueguesa, um italiano e um sérvio, todos estudantes de Arquitectura. Estão juntos desde segunda-feira no Porto com uma missão: começar a inédita tarefa de reabilitar a custo zero edifícios do centro histórico. PUB Candidataram-se e foram seleccionados para integrarem a primeira equipa operacional do projecto Arrebita! Porto, que arranca oficialmente hoje.»

«O objectivo é criar uma “rede internacional de ‘Arrebitas!'” para que seja “corrente um jovem recém-licenciado em Arquitectura ou Engenharia participar, durante três ou seis meses, num projecto de acção social noutro país”.»